terça-feira, maio 17, 2005

di@ 16

ser poeta é ser mais alto,
é ser maior do que os homens!
morder como quem beija!
é ser mendigo e dar como quem seja,
rei do reino, de aquém e além dor!

é ter de mil desejos o esplendor!
e não saber se quer o que se deseja!
é ter cá dentro um astro que flameja,
é ter garra e asas de condor!

é ter fome, é ter sede do infinito,
por elmo, as manhãs de oiro e de cetim
é condensar o mundo num só grito.

e é amar-te assim, perdidamente!
e estas almas, sangue e vida em mim,
e dizê-lo cantando a toda gente!

Florbela Espanca

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