Psicodinâmica e Sacrodinâmica - Parte 1
Uriel Heckert
“Jesus crescia em sabedoria, em estatura e em graça, diante de Deus e diante dos homens.” (Evangelho de Lucas 2:52, Bíblia de Jerusalém, Ed. Paulinas, 1979)
Uriel Heckert
“Jesus crescia em sabedoria, em estatura e em graça, diante de Deus e diante dos homens.” (Evangelho de Lucas 2:52, Bíblia de Jerusalém, Ed. Paulinas, 1979)
Introdução
O desenvolvimento psíquico tem sido objeto de estudo da Psicologia, a partir de diferentes enfoques teóricos e conceituais. Entretanto, por influência das suas correntes mais difundidas, as manifestações de fé, via de regra, foram sistematicamente desconsideradas. Desde o seu nascimento, sob a influência dos materialismos do Século XIX, aquela ciência habitualmente desdenhou das experiências que remetem à transcendência. Assim, em nome da crença dominante nos meios intelectuais, seguiu-se desconhecendo valores positivos nos temas religiosos. A crítica sistemática a formas opressoras de religiosidade descambou para a negação de qualquer validade a vivências que são estruturantes para o ser. Os prejuízos trazidos por essa abordagem estreita de questão tão relevante estão sendo reconsiderados a partir de uma visão mais ampla e interdisciplinar.
Sagrado, fé e religião são conceitos que se aproximam. O sagrado pode ser entendido como “algo que nos toca incondicio-nalmente”, que aponta para o infinito, sempre capaz de exercer fascínio sobre o ser humano1.
Fé expressa a busca pelo sagrado, constituindo-se na resposta possível ao seu apelo, a partir da nossa condição finita. Ela pode ser entendida como:
“o modo em que uma pessoa ou um grupo penetra no campo de força da vida. É o nosso modo de achar coerência nas múltiplas forças e relações que constituem a nossa vida e de dar sentido a elas. A fé é o modo pelo qual uma pessoa vê a si mesma em relação aos outros, sobre um pano de fundo de significados e propósitos partilhados” 2.
A fé conduz a “um alinhamento do coração ou vontade, um compromisso de lealdade e confiança”; e ainda, “implica visão, um modo de conhecer, de reconhe-cimento” 3.
As religiões são pontes que se propõem estabelecer a relação com o sagrado, a partir da sistematização da fé que anima pessoas e coletividades. Elas são “o resultado cumulativo da história de manifestações passadas da dinâmica inerente à fé, tais como foram expressas, formuladas e vivenciadas pelos antepassados e que são revividas em tradições de doutrina, liturgia, perspectivas e práticas” (Tradução do autor)4. A negação da religião, por sua vez, não indica ausência de fé, pois ela segue sendo expressa mesmo que por outro código.
Entendemos que não compete às ciências psi a validação do objeto da fé. Entretanto, as dimensões e características que ela assume na vida individual e coletiva podem e devem receber a atenção da reflexão psicológica. Diversos autores têm-se dedicado a esta tarefa, referindo-se à “dinâmica da fé” 5 ou aos “estágios da fé” 6. As variadas nuanças da relação com o sagrado podem ser enfocadas sob o conceito de “sacrodinâmica” 7.
Sagrado, fé e religião são conceitos que se aproximam. O sagrado pode ser entendido como “algo que nos toca incondicio-nalmente”, que aponta para o infinito, sempre capaz de exercer fascínio sobre o ser humano1.
Fé expressa a busca pelo sagrado, constituindo-se na resposta possível ao seu apelo, a partir da nossa condição finita. Ela pode ser entendida como:
“o modo em que uma pessoa ou um grupo penetra no campo de força da vida. É o nosso modo de achar coerência nas múltiplas forças e relações que constituem a nossa vida e de dar sentido a elas. A fé é o modo pelo qual uma pessoa vê a si mesma em relação aos outros, sobre um pano de fundo de significados e propósitos partilhados” 2.
A fé conduz a “um alinhamento do coração ou vontade, um compromisso de lealdade e confiança”; e ainda, “implica visão, um modo de conhecer, de reconhe-cimento” 3.
As religiões são pontes que se propõem estabelecer a relação com o sagrado, a partir da sistematização da fé que anima pessoas e coletividades. Elas são “o resultado cumulativo da história de manifestações passadas da dinâmica inerente à fé, tais como foram expressas, formuladas e vivenciadas pelos antepassados e que são revividas em tradições de doutrina, liturgia, perspectivas e práticas” (Tradução do autor)4. A negação da religião, por sua vez, não indica ausência de fé, pois ela segue sendo expressa mesmo que por outro código.
Entendemos que não compete às ciências psi a validação do objeto da fé. Entretanto, as dimensões e características que ela assume na vida individual e coletiva podem e devem receber a atenção da reflexão psicológica. Diversos autores têm-se dedicado a esta tarefa, referindo-se à “dinâmica da fé” 5 ou aos “estágios da fé” 6. As variadas nuanças da relação com o sagrado podem ser enfocadas sob o conceito de “sacrodinâmica” 7.
Uriel Heckert é Médico Psiquiatra e Professor Universitário em Juiz de Fora, e presidente nacional do CPPC
obs.: as citações serão publicadas com a última parte deste artigo.
2 conversando:
Tudo o que ele diz é muito giro, só tenho uma questão. O que é para ele o "sagrado"?
olá Ladybird, respondendo à tua pergunta o sagrado pode ser entendido como a dimensão espiritual ou espiritualidade da pessoa, há quem defina o sagrado como uma dimensão de mistério e experiência religiosa. A segunda parte do post (já publicada) ajuda a entender um pouco mais a sacrodinâmica - a dinâmica da fé ou do sagrado na vida do indivíduo que tem grande importância no equilíbrio psicológico - na psicodinâmica.
um abraço e obrigado pela tua visita.olá Ladybird, respondendo à tua pergunta o sagrado pode ser entendido como a dimensão espiritual ou espiritualidade da pessoa. A segunda parte do post (já publicada) ajuda a entender um pouco mais a sacrodinâmica - a dinâmica da fé ou do sagrado na vida do indivíduo que tem grande importância no equilíbrio psicológico - na psicodinâmica.
um abraço e obrigado pela tua visita.
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