Letra e música de Sérgio Godinho
A religião é uma maneira de explicar tudo
o surrealismo é uma maneira de não explicar nada
entre a prece e a charada há-de haver uma outra estrada
que eu ainda hei-de percorrer
(isto disse o doutor Freud )
Não nego que olhar pra dentro
não digo que olhar pró ego
não desmanche o fingimento
não faça ver quem é cego
Mas que trabalho, que canseira (não há maneira)
nos salões do inconsciente
há baús de tantas cores
tanto pó por sobre as dores
tanto dos nossos insides
que nos sai desnaturado
Eu sei, eu sei, Freud explica
o b-a-bá do baú
mas se eu fosse a, ti Segismundo
não teria vindo ao mundo
pra nos fazer vir a nós
que quem quiser vir a si
vai ter que abrir o baú
Outro dia levantei-me tão bem disposto
até o espelho sorria ao olhar para o meu rosto
deitei-me logo outra vez
há que ser poupado e parco
pra não lhe perder o gosto
pra não afundar o barco
Tanta cobrança afectiva
vinda a boiar do passado
fica um sujeito á deriva
sem saber do que é culpado
Mas que trabalho, que canseira...etc
Eu sei, eu sei, Freud explica...etc
O cobarde é uma pessoa que foge pra trás
o herói é uma pessoa que foge prá frente
em maior ou menor grau
todos nós fugimos ao
medo que faz o cobarde
medo que faz o valente
O certo é que quando te olhas
te entregas à introspecção
nem que seja a saca-rolhas
(passa o vulgar da expressão)
Mas que trabalho, que canseira...etc
Eu sei, eu sei, Freud explica...etc
A religião é uma maneira de explicar tudo
o surrealismo é uma maneira de não explicar nada
entre a prece e a charada há-de haver uma outra estrada
que eu ainda hei-de percorrer
(isto disse o doutor Freud )
Não nego que olhar pra dentro
não digo que olhar pró ego
não desmanche o fingimento
não faça ver quem é cego
Mas que trabalho, que canseira (não há maneira)
nos salões do inconsciente
há baús de tantas cores
tanto pó por sobre as dores
tanto dos nossos insides
que nos sai desnaturado
Eu sei, eu sei, Freud explica
o b-a-bá do baú
mas se eu fosse a, ti Segismundo
não teria vindo ao mundo
pra nos fazer vir a nós
que quem quiser vir a si
vai ter que abrir o baú
Outro dia levantei-me tão bem disposto
até o espelho sorria ao olhar para o meu rosto
deitei-me logo outra vez
há que ser poupado e parco
pra não lhe perder o gosto
pra não afundar o barco
Tanta cobrança afectiva
vinda a boiar do passado
fica um sujeito á deriva
sem saber do que é culpado
Mas que trabalho, que canseira...etc
Eu sei, eu sei, Freud explica...etc
O cobarde é uma pessoa que foge pra trás
o herói é uma pessoa que foge prá frente
em maior ou menor grau
todos nós fugimos ao
medo que faz o cobarde
medo que faz o valente
O certo é que quando te olhas
te entregas à introspecção
nem que seja a saca-rolhas
(passa o vulgar da expressão)
Mas que trabalho, que canseira...etc
Eu sei, eu sei, Freud explica...etc
Nota: O BAÚ DE SIGMUND FREUD. UM OBJECTO-BOOMERANG, daqueles que, por mais que a gente o queira deitar fora, voltam sempre para nos assombrar. Foram roubados de propósito para esta canção alguns concei tos, e até uma ou duasfrases por inteiro. Do livro "Se não sabe porque é que pergunta?" veia a velha noção de que o herói é uma pessoa que foge para a frente; de um antigo blues cantado por Taj Mahal traduziu-se mais ou menos a frase "I woke up feeling so good, I laid back down again", que aliás poderia ter sido escrita por Agostinho da Silva; e a frase "Eu sei, a psi canálise explica", referida em "Um Jeep em 2.ª mão", deu origem a todo o refrão. E o resto foi roubado à vida e às suas cobranças afectivas.
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