ter uma irmã

quando estava a voltar da nossa viagem a Marrocos,
vi esta placa, e mais rápido do que podia imaginar, coloquei a câmera no ar
e disparei, sem saber no que ia dar...
pois queria fotografar a imagem e
fotografar a viagem que aconteceu na minha mente,
como consequência daquele estímulo

o que me chamou a atenção...

DOS HERMANAS...

ao ver a placa,
passaram-se 1000 coisas na minha mente.
lembrei de tantos momentos...
do facto de ela ser madrugadora, eu dorminhoca...
das horas que ela ficava a ler com o abajour na cama
das muitas músicas, que ela sempre ouviu
(das músicas que aprendi a gostar, por ouvi-las enquanto ela ouvia)
da primeira vez que apanhei dela... e nunca mais ousei bater-lhe...
das infindáveis vezes que ligavamos pra nossa mãe no trabalho a fazer queixinhas
(não lembro se ela ligava, mas eu... sim)
da quantidade de vezes que ela me levava
a reboque pra sair com as suas amigas...
só porque era irmã mais velha, e tinha que cuidar da mais nova...
que ia ficar com cara de limão azedo se ficasse em casa...
do vazio que ficou no nosso quarto quando ela casou...
e ao fim de 3 dias já pedia a minha mãe pra desmontar a cama dela
pois dava comigo de noite a esperar que ela chegasse...
da amizade, e de como nos tornamos amigas...
da cumplicidade,
dos risos e muitas gargalhadas...
da nossa entrada na vida adulta...
me lembro de ir visitá-la ao escritório no jardins...
de irmos comer na padaria do Olivier...
de passearmos nas lojinhas...
e ela generosa como sempre...
sempre comprava algo pra mim... ;)
me lembro das nossas formaturas...
dos nossos casamentos ( a primeira vez que fui madrinha eheheh)
me lembro dos dias de silêncio...
e eu distraída, desligada... as vezes nem dava por isso...
e hoje sei como este tempo era importante
tempo de recuperação, de buscar forças
depois que cresci...
aprendi a reparar muito mais no que viviamos em comum, ou em conjunto...
nossa 2ª separação, quando me mudei pra longe...
depois quando ela mudou pra longe de casa...
ainda tenho guardado tantos cartões...
nossa cumplicidade ainda aumentou mais pelas
experiências transculturais
nossas comunidades em torno da música...
da dupla... ela tocava e eu cantava...
e quando me mudei... ops... tive que aprender a tocar heehehhe
os últimos doloridos momentos que vivemos
e a única coisa que queria era estar ao seu lado
e quantas vezes ainda hoje quero fazer isto.
(e claro que ao lembrar deste desejo choro!)
aquilo que nunca imaginamos,
que aconteceu e acontece em nossas vidas
as marcas que temos
as memórias que guardamos
as risadas que queremos ouvir...
pela coisa mais simples, como ver a lola a brincar no pé da mesa
tenho saudade de estar contigo!
tenho prazer na tua companhia.
sis, te amo!

sis