terça-feira, agosto 05, 2008

"neoliberalismo" para totós

tem tanto economista tentando explicar a vida dos pobres coitados,
mas já o grande poeta Chico Buarque traduzia o economês nas suas classes de economia de mercado 101, ou neoliberalismo 101, que na versão actual seria = neoliberalismo para totós.
cá vai:

O Malandro
>> Chico Buarque

O malandro na dureza Senta à mesa
Do café Bebe um gole
De cachaça Acha graça E dá no pé
O garçom No prejuízo Sem sorriso
Sem freguês De passagem
Pela caixa Dá uma baixa No português
O galego Acha estranho Que o seu ganho Tá um horror
Pega o lápis Soma os canos Passa os danos Pro distribuidor
Mas o frete Vê que ao todo Há engodo Nos papéis
E pra cima Do alambique Dá um trambique De cem mil réis
O usineiro Nessa luta Grita (ponte que partiu)
Não é idiota Trunca a nota Lesa o banco do Brasil
Nosso banco Tá cotado No mercado Exterior
Então taxa A cachaça A um preço Assustador
Mas os ianques Com seus tanques Têm bem mais o que fazer
E proíbem Os soldados Aliados de beber
A cachaça Tá parada Rejeitada No barril
O alambique Tem chilique Contra o banco do Brasil
O usineiro Faz barulho Com orgulho De produtor
Mas a sua Raiva cega Descarrega No carregador
Este chega Pro galego Nega arrego Cobra mais
A cachaça Tá de graça. Mas o frete, como é que faz?
O galego tá apertado pro seu lado não tá bom
Então deixa congelada a mesada do garçom
O garçom vê Um malandro Sai gritando Pega ladrão
E o malandro Autuado É julgado e condenado culpado Pela situação.


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